quarta-feira, 7 de abril de 2010

Vamos ser felizes, isso que importa...

Esse ainda é um assunto tabu para muitas pessoas, imagina para nós deficientes físicos.
Que assunto é esse? Sexo, sexualidade.
E por que é mais complicado para nós deficientes? Porque a sociedade "cobra" a perfeição do corpo: corpo violão, com seios e bunda durinhos, barriga tanquinho, tórax largo e pernas grossas.
Agora me digam, que deficiente tem esse corpão perfeito? Nenhum, eu respondo.
Aí entra a auto-estima da pessoa, que se não for uma coisa inerente, tem que ser trabalhada desde sua infância, senão, na hora "h" da paquera, da sedução e principalmente na hora "h" do sexo, é uma insegurança total que aparece : " Ela vai ver minhas pernas finas", " Ele vai ver que tenho barriguinha", etc...
Ah! além do corpo, ainda temos em alguns casos de deficiência, um ou dois "fantasmas", que são: incontinência urinária e/ou fecal. Alguns deficientes lesionados medulares tem uma delas, mas tem outros que têm as duas, e aí o que fazer?
Tem que ter uma cabeça muito boa, uma auto-estima bem trabalhada e principalmente ter a sorte de conhecer um parceiro (a) também com a cabeça muito boa para lidar com isso com naturalidade. Claro que não é o fim do mundo, mas é complicado para certas pessoas "ditas" perfeitas, entender que uma mulher ou um homem já adultos não conseguem controlar sua bexiga e/ou seu intestino quando estão excitados. Existem os que entendem, aceitam e convivem com isso por realmente estarem apaixonados por seus parceiros deficientes, mas não sei se posso dizer que é maioria, posso?
Esse assunto é complicado para quem nasce deficiente e para quem se torna deficiente por qualquer motivo.
Quando estamos sozinhos, tudo bem, é nossa rotina fazer cateterismo, manobra, massagem, credê, para esvaziarmos a bexiga e fazermos uso de frutas, fibras e remédios muitas vezes para nosso intestino funcionar.
Mas, na hora em que temos um parceiro (a) esse precisa realmente estar disposto a nos ajudar a superar toda vergonha, medo, insegurança que temos, pois, contar que temos um problema assim a mais do que aquilo que a pessoa já está vendo não é nada fácil.
Claro que estou falando tudo isso pensando que o parceiro da pessoa deficiente não seja deficiente também, pois, para um casal de deficientes fica mais fácil falar um para o outro sobre esse assunto. Principalmente se os dois tiverem pelo menos um dos problemas.
Outro obstáculo a ser vencido, onde no casal um é deficiente e o outro não, é o sexo propriamente dito, o parceiro não deficiente precisa conversar muito com o parceiro deficiente para saber seus limites, pois temos problemas de equilíbrio, de falta de força e movimentos nos membros muitas vezes.
Então não se pode ir para a cama com um lesionado medular, achando por exemplo, que vamos poder plantar bananeira, subir no lustre ou fazer o Kama Sutra...rsrsrs.
Mas apesar de todas essas limitações, de todos esses medos, somos capazes de sermos realizados e realizarmos nossos parceiros sexualmente falando, é só uma questão de cumplicidade e amor.
E vamos ser felizes, isso é que importa.


Autoria: Isaleão.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Minhas lembranças com Tita.

Lembro daquela vez em que fomos ao shopping e ficamos esperando o táxi, aí eu fiquei cansada e você me colocou no colo, e eu perguntei:
_Não vai doer?
E você respondeu:
Não.
E eu disse:
_ Nossa ! Eu amo essa família e a vc Tita.
E você respondeu:
_Hã, só porque você está no meu colo!
Eu respondi:
_Não. É porque eu amo mesmo...rsrs.


Autoria: Drielle, minha priminha querida.


Um sonho ainda a ser realizado.

Moro em Salvador, uma cidade linda, turística, mas muito pouco adaptada para nós deficientes. Infelizmente, como na maioria das cidades brasileiras, minha cidade ainda não oferece total acessibilidade para pessoas que tenham qualquer tipo de deficiência. Falta acessibilidade em prédios públicos, restaurantes, bares, consultórios médicos, lojas.
Eu, como deficiente físico que anda apoiada num andador ou de cadeira de rodas, sou impossibilitada de frequentar certos restaurantes, bares por falta de rampas, elevadores, banheiros adaptados. Não posso ir à casas de show por não ter um espaço reservado para deficientes, além da falta de infra-estrutura já citada acima. Até na hora de ir a um médico tenho que procurar saber se tem estacionamento, se o consultório fica numa sala onde eu consiga entrar com o andador pelo menos.
Muitas vezes, quando vou a uma loja desisto de comprar uma roupa por não conseguir entrar no provador.
Andar nas ruas de Salvador então, é quase impossível, só anda o deficiente que realmente precisa resolver suas coisas sozinho. Para isso ele tem que ter muita força nos braços, equilíbrio e coragem, pois calçadas aqui não existem, estão cheias de buracos, árvores milenares com raízes expostas, camelôs, carros parados. Ou seja, um deficiente ou mesmo uma pessoa qualquer, tem que andar na rua, arriscando-se a ser atropelado por carros, ônibus, motos.
Falando em ônibus, foram pouquíssimas vezes que andei em um, mas o pouco que pude observar, nesse aspecto minha cidade também está longe do ideal, faltam ônibus adaptados, falta preparo dos funcionários das empresas para saber manejar a plataforma onde a cadeira de rodas tem que ser colocada para subir no ônibus, falta consciência nesses mesmos funcionários, pois muitas vezes somos vistos nos pontos de ônibus mas os motoristas passam direto ou param fora do ponto dificultando nossa entrada.
Enfim acessibilidade em Salvador é um sonho ainda a ser realizado.


Autoria: Isaleao.