segunda-feira, 25 de abril de 2011

Será que somos invisíveis?

Às vezes me pergunto se nós deficientes somos invisíveis, pois a impressão que tenho é que somos, sim. Não falo só pela falta de acessibilidade existente em nossas cidades, mas na falta de acessibilidade da sociedade em si, das outras pessoas em relação a nós. Preconceito e falta de informação ainda existem, e são vividos frequentemente por nós. Mas há também uma enorme falta de interesse das pessoas ditas "normais" em nos conhecer, em conhecer nossas dificuldades, nosso dia a dia, nossas limitações, como, também, nossas alegrias, nossas vitórias. Quantas vezes, eu já passei pela situação de estar num shopping sozinha, e as pessoas passando por mim sem nem me notar, esbarrando na cadeira de rodas, batendo bolsa em mim, sem ao menos virar e dizer "me perdoa".
Outra situação frequente, é em sala de bate papo, onde o papo acontece naturalmente, até a hora em que vem a pergunta: Como você é fisicamente? Pronto! já sei que o rumo da conversa vai mudar, deixo de ser uma forte candidata a "namorada", "ficante", "amante" para me transformar numa simples "amiga de infância"(melhor amiga) ou "apenas mais uma com quem ele tc".
Gente, não somos apenas deficientes, somos pessoas com uma história de vida, sonhos, medos, desejos e realizações como qualquer "andante" ou "normal" que esteja do outro lado da tela do PC.
Acho incrível quando leio: "Ah! mas, apesar disso, você é feliz, não é?, "Poxa! dever ser tão difícil", " Não sei tc com uma pessoa como você".
Pelo amor de Deus! as pessoas têm que parar de pensar e agir como se um deficiente fosse um E.T ou um ser sem vida. Temos limitações, mas podemos interagir com pessoas que não as tenham. O que precisamos somente é sermos vistos, notados e ouvidos para que consigamos viver numa sociedade realmente justa para todos. Se as coisas são complicadas para todos, imagina para nós...
É acessibilidade, emprego, estudo, qualificação, relacionamento amoroso, enfim, não é fácil ser deficiente seja qual for a deficiência, e tornar-se mais complicado porque temos sempre que nos fazer notar, seja de que maneira for.
Só falta usarmos um letreiro luminoso com a frase: Estou aqui, eu existo, olhe para mim como olha para qualquer outra pessoa.
Isso tem melhorado mas ainda há muito que melhorar. Deficientes são capazes de estudar, se qualificar, trabalhar, amar. Basta que a sociedade como um todo nos enxerguem e nos dê condições para que consigamos tudo isso. Às vezes ouço: tem emprego mas não tem deficiente qualificado para tal vaga. Por que não tem? Porque não teve condições físicas, acessibilidade para estudar e se qualificar.
"Ah! se você sair mais, será mais vista e encontrará alguém que goste de você" Bobagem, não adianta estar na rua e as pessoas terem medo de te olhar ou olharem de canto de olho para que a gente não perceba. É preciso melhorar a acessibilidade arquitetônica das cidades e a acessibilidade emocional das pessoas "normais", para quebrar as dificuldades entre elas e nós.
Espero, sinceramente, que chegue o dia em que vivamos num mundo realmente acessível, e que todos consigam se enxergar de verdade. Para isso é necessário uma mudança total de comportamento, pensem nisso.


Autoria: Isaleão.

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